terça-feira, 29 de novembro de 2011

O CADILLAC


A história da Cadillac inicia com W. Murphy, que havia sido sócio de Ford até que divergências os separaram. Murphy tinha decidido fechar a companhia Pidiéndole e sua fornecedora de motores, Leland & Falconer Co.

Henry Leland sugeriu que não a fechasse, Murphy aceitando seu conselho reorganizou-a e fundou em 1902, a Cadillac Automobile Co. Dois anos depois se associou a Henry Leland, que assumiu a presidência.

Leland havia trabalhado na Colt, uma fábrica de máquinas de precisão, onde manejava peças com um milionésimo de polegada, adquirindo, assim, sua obsessão pela perfeição. Foi fornecedor de transmissões e motores para Randsom Olds.

A Cadillac tinha um alto nível de organização. Eram inspecionadas até as peças mais pequenas, como parafusos, porcas e arruelas. O primeiro Cadillac foi um monocilindro. O veículo era alto devido às péssimas estradas norte-americanas da época. Apresentado em 1903, obteve sucesso imediato perante o público que encomendou 2.200 unidades durante sua primeira exposição.

Em 1908 a produção superou as 16.000 unidades e o veículo consolidou-se como seguro, confortável e preciso.

A Cadillac Automobile Co, foi comprada em 1909 pela General Motors e transformada em símbolo do alto padrão de luxo em 30 anos.

Ela também tornou-se pioneira em diversas tecnologias automotivas, como os carros totalmente fechados, e a partida automática em substituição as antigas e desconfortáveis manivelas. Em 1912 surpreendeu o mundo ao utilizar o sistema Delco (instalação elétrica e motor de arranque). O anúncio dizia: “O primeiro automóvel sem manivela de partida”. Em 1915 introduziu os motores V-8.

O V-8 não foi criação da Cadillac, mas foi o primeiro que, graças a seu desenho e cuidados na montagem, alcançou a confiabilidade necessária para ser utilizado no automóvel.

Durante a Primeira Guerra Mundial, os motores aeronáuticos tiveram um grande desenvolvimento técnico, dedicando a eles 100% de sua capacidade produtiva.

Em 1924 a empresa oferecia uma grande quantidade de cores e pinturas cromadas, enquanto as outras montadoras somente ofereciam a cor preta. Além disso, inovou também ao se tornar a primeira empresa do setor a utilizar um designer, Harley Earl, no lugar de um engenheiro para projetar a carroceria de seus carros em 1927.

No ano seguinte, a GM também incorporou duas grandes empresas que produziam carrocerias exclusivas para Cadillac, a Fisher e a Fleetwood, contribuindo ainda mais para o aprimoramento da linha de automóveis da marca.

Foi com os métodos de precisão criados por Leland, associado ao pioneirismo no uso de tecnologias de ponta que criou-se uma imagem de qualidade e confiabilidade em torno da marca. Outro fato que contribuiu bastante para aumentar o prestígio da marca, foi porque ela se tornou a preferida pela emergente classe artística de Hollywood dos anos 20 em diante. A imagem de artistas daquela época como Clara Bow, Willian Boyd, Joan Crowford, Dolores Del Rio e Marlene Dietrich, chegando em automóveis Cadillac nas “Avant Premiére” de seus filmes acabou destacando á marca todo o “Glamour” da Hollywood daqueles anos. Além deles, a marca foi adotada pelos chefes de estado, membros da nobreza, magnatas, artistas de outras áreas e intelectuais renomados.

Poucas marcas definem a ousadia norte-americana em desenho automobilístico como Cadillac. E, ironicamente levou um nome de origem francesa, escolhido por William Murphy.

O nome veio do oficial de exército francês ANTOINE DE LA MOTHE CADILLAC que fundara Detroit em 1701.

Luis XVI outorgou honras e privilégio que serviram para ocultar seu passado escuro. Apesar disso, seu “escudo” de armas, centenário, era autêntico, por isso Cadillac é a única marca norte-americana que pode se orgulhar de ter um escudo de armas verdadeiro.

 No inicio, de acordo com Leland, o foco da marca estava na precisão e elegância. Mais tarde o direcionamento foi para as suas características particulares, e seu grande tamanho definindo assim o eufórico gosto americano do pós-guerra.

Curiosidades:


- Em fevereiro de 1909, a Cadillac torna-se o primeiro construtor americano a receber o Dewar Trophy, em virtude do seu extraordinário resultado técnico. Tal reconhecimento equivale ao Prêmio Nobel na indústria automobilística. Após essa conquista, a Cadillac adotou o famoso slogan “Standard of the World”.

- O milionésimo Cadillac, o Coupé de Ville, saiu da linha de montagem em Detroit em 25/11/1949, juntamente com o boom econômico dos EUA, aumentando consideravelmente as vendas por ali.

- O Cadillac 1959 é o automóvel que mais representa a América em seu auge. É considerado o “mais extravagante” (em design) de todos os automóveis americanos já fabricados.

- De 1910 a 2000, a Cadillac vendeu somente nos EUA, mais de 11 milhões de automóveis.

- Atualmente, os automóveis Cadillac são produzidos nos estabelecimentos de Lansing (Michigan), Arlington (Texas) e Detroit (Michigan).

- Sua atuação abrange mais de 50 países e territórios, sendo seu principal mercado o norte-americano.

















quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Isetta e Romi Isetta

A HISTÓRIA DA ISETTA
O Isetta foi um dos microcarros produzido na Itália nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial.

O proprietário da empresa Isotherm, fabricante de refrigeradores, da cidade de Milão- Itália, Sr. Renzo Rivolta (que já havia se tornado fabricante de Scooters e motocicletas) decidiu entrar no ramo de automóveis, criando assim a empresa Iso Automoveicoli-Spa. Em 9 de abril de 1953, a empresa apresentou no salão de Turim o ISETTA, um veículo de baixo custo e compatível com a realidade econômica da época. Projetada e criada pelo engenheiro Ermenegildo Pretti e seu colaborador Pierluigi Raggi.
 Renzo, nomeou o projeto de Isetta, que significa, pequeno Iso. Diziam que era resultado de uma colisão entre um scooter, uma geladeira e um avião. Na Itália era chamado de “l'uovo su quattro ruote” (ovo sobre quatro rodas).
Algumas das características únicas do carro: porta frontal, facilitando o acesso ao interior do veículo, pequenas dimensões, boa dirigibilidade e performance suficiente para a época (máxima de 80 km/h) com um consumo de até 25 km/l.
Apesar de todas as boas espectativas, o Isetta teve vida curta na Itália e sua fabricação encerrou-se em 1956. A Iso não teve interesse em exportá-lo.

Foram fabricados em outros países como na Alemanha e Reino Unido (BMW Isetta) e França (Velam Isetta).


NO BRASIL

Em 1955, a empresa brasileira Máquinas Agrícolas Romi, fundada por Américo Emílio Romi, com sede em Santa Barbara d’Oeste (interior de São Paulo) anuncia a fabricação do Iso Isetta no Brasil, sob licença da empresa italiana Iso Automotoveicoli.

Aqui ficou conhecida como Romi-Isetta. Foi o primeiro automóvel de passeio de fato fabricado no Brasil. Apesar de algumas controversias em função da falta de uma segunda porta...

O carrinho era visto mais como uma excentricidade do que uma solução prática de transporte. E o fato de ter ficado à margem da política de incentivos à indústria automobilística, durante o governo Juscelino Kubitschek, fez com que seu preço não fosse competitivo - em 1959, ele custava mais de 60% do preço de um Fusca. Esses fatores contribuíram em parte para encurtar sua temporada por aqui. Também devido a suas próprias limitações, especialmente a de não locomover-se mais rápido.

A estratégia de publicidade adotada, visava expor o modelo a diferentes públicos: de segundo carro para a família ao estudante universitário. Algumas foram criadas voltadas ao público feminino, como por exemplo o anúncio que exibia uma mulher saindo de uma gaiola para entrar em um Romi-Isetta, com os dizeres "agora sou livre" (Anúncio de 1961). Foram exibidos também em filmes e novelas e fixaram-se no imaginário popular. Até em competições no autódromo de Interlagos foram utilizados.

O Romi-Isetta podia transportar 2 adultos e uma criança,  e atingir uma velocidade máxima em torno de 90 km/h. Apesar da aparência frágil,e  apelidada de "bola de futebol de fenemê" (um caminhão fabricado na época) e outros nomes injustos, tinha recursos que ainda eram desconhecidos de alguns importados que já circulavam pelo país. Dentre eles estavam os freios hidráulicos, câmbio de quatro marchas e luzes de piscas-piscas. Ele também já utilizava um sistema elétrico de 12V e um alternador, ao contrário dos tradicionais sistema de 6V com gerador. Sendo assim, não só a iluminação do carro era superior como também permitia um uso mais eficiente dos limpadores de pára-brisas (que na época utilizavam um sistema a vácuo).

Até 1958, os modelos vendidos no país utilizavam um motor Iso, transversal localizado entre eixos, de 236 cm³, que gerava 9,5 cv. Mais tarde, quando a fábrica italiana vendeu o projeto para a BMW, os novos modelos do Romi-Isetta passaram a receber um motor BMW de 298 cm³, que já produzia 13 cv de potência.
Em 1959, a Industria Romi entrou em uma situação financeira instável e sofreu pressões políticas do GEIA - Grupo Executivo da Indústria Automobilística - que não aprovava mais o modelo devido à suas características de ter uma porta frontal, um único banco, rodas pequenas e motor fraco. Culminou a tudo isso, a morte do idealizador Americo Romi, levando a desativação da produção do Romi Isetta.

Em 1960, o então Presidente da República Dr. Juscelino Kubitschek tentou impulsionar a produção da Romi Isetta, porém sem resultados. Houve ainda tentativas de acordo com a BMW e a Citroën, mas nada se concretizou, e a fabricação foi extinta no Brasil definitivamente.

No período de 1956 até 1961, foram fabricadas cerca de três mil unidades no Brasil, alguns deles foram montados utilizando peças remanescentes no estoque da fábrica.
Alguns exemplares permanecem até hoje nas mãos de colecionadores e são vistos em encontros de proprietários de carros antigos. Despertando recordações e sorrisos por onde passam.

A Fundação Romi realiza encontros de colecionadores em Santa Bárbara d’Oeste e é o terceiro do gênero. O 1º Encontro foi realizado em 2006, no aniversário de 50 anos do carro, com 36 automóveis participantes. O 3º Encontro Nacional de Romi-Isettas, realizado em 3 de setembro de 2011, contou com colecionadores e 55 exemplares do Romi-Isetta (uma alusão aos 55 anos do lançamento no Brasil).

O Instituto Cultural Artigos e Carros de Época (ICACE) possui um exemplar do Romi-Isetta que poderá ser visto e apreciado em breve !